Carta para teu irmão ( ou parente mais próximo)



Sinto mesmo muito a tua falta mesmo sem tu saberes. Sinto a falta das discussões, sinto falta daquilo que nos definia como irmãos, agora já nem parecemos que somos alguma coisa um ao outro, mal nos vimos e quando nos vimos criticas-me e maltratas-me. Pareces um mero estranho à mesa que nem conhece a sua própria irmã, aquela que viste crescer durante metade da tua vida, aquela com quem discutias e das pessoas que mais se preocupa contigo. Sinto a falta do pouco que havia entre nós, porque agora simplesmente já não existe nada. Irmãos, é um pequeno título que pomos um ao outro, porque não existe nada de irmãos entre nós. Vais-te embora para Lisboa sem te despedires de mim, não sei como consegues mas vais e o mais estranho é que não te importa se te despedes de mim ou não. Custa-me saber que nunca me disseste que gostavas de mim e foram poucas as vezes que me abraças-te, quero o irmão que tinha com 3 anos, aquele que me odiava mas ao mesmo mostrava que amava, aquele que brincava comigo aos sábados de manhã, aquele que tirava fotos comigo sem revirar os olhos, aquele que me elogiava. Sei que parte do que está destruído é devido somente a mim, mas não tenho que pedir-te desculpa, fizeste igual ou pior. Sabes o que parece? Que para ti teres-me a mim ou não é completamente e absurdamente igual, porque já não te importas. Pergunto-me às vezes, estranhamente, o que fazias se eu partisse agora. Pergunto-me se te arrependerias, pergunto-me se te davas conta, pergunto-me se te importavas, é muito estranho eu questionar-me sobre isto porque não haveria se quer pensar nisto, mas penso. Penso porque te amo tanto e tens mesmo muita importância para mim e não sabes isso. São poucos os telefonemas que me fizeste, são poucas as mensagens que me mandaste, até poderia apagar o teu número porque é igual, às vezes dá-me vontade de pegar no telemóvel e ligar-te mas depressa desisto sabendo que me vais responder mal, sabendo que vais ignorar por completo o telefonema. Quero poder dar-te a mão como fazia em pequena, poder abraçar-te quando quiser, dizer o quanto te amo, poder chamar-te 'mano'. Quero-te de volta, mas será que voltas ?

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